Como comunicar más notícias em Diagnóstico por Imagem?
- Dra. Aline Morião
- 7 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de ago.
O propósito deste artigo é destacar a importância de adquirir conhecimento sobre protocolos específicos relacionados à comunicação de más notícias em diagnóstico por imagem. Isso se torna fundamental em um momento em que os pacientes desempenham um papel mais ativo no seu próprio cuidado.
Uma má notícia é a informação que tem um impacto negativo na perspectiva de futuro de uma pessoa. Isso pode ocorrer, por exemplo, em um diagnóstico desfavorável, na falha de um tratamento com a intenção de cura, ou na comunicação de um óbito. É importante ressaltar que a má notícia variade acordo com as expectativas do paciente, seu estado de saúde e o conhecimento ou a suspeita do diagnóstico.
O impacto dessa notícia é proporcional à mudança que poderá ocorrer na vida do paciente e de seus familiares e será mais difícil quanto maior for o distanciamento entre a expectativa e a realidade da condição do paciente.
Existem três situações distintas relacionadas às más notícias em saúde:
Expectativa de boas notícias
O paciente ou o seu familiar aguardam ansiosamente por notícias positivas. No entanto, são surpreendidos por informações devastadoras. Como exemplo, podemos citar uma gestante que realiza ultrassonografia de rotina, esperando boas notícias, mas durante o exame é observada uma malformação fetal.
Expectativa de notícias variáveis
O paciente ou seu familiar esperam por notícias, que podem ser positivas ou negativas. Por exemplo, um paciente em acompanhamento de doença oncológica esperando por informações sobre a eficácia do tratamento aplicado. Ele pode receber notícias de sucesso, indicando uma resposta positiva à terapia, ou notícias desanimadoras, como a recorrência da doença ou o surgimento de metástases.
• Previsão de más notícias
O paciente ou seus familiares têm a percepção de que provavelmente receberão más notícias, como exemplificado por um paciente politraumatizado grave levado às pressas para o pronto socorro. Sua família pode perceber que as notícias possivelmente não sejam favoráveis e que sua vida sofrerá mudanças drásticas no futuro.
Enfrentar o desafio de comunicar más notícias é uma tarefa árdua, independente das circunstâncias. As situações podem variar amplamente, mas a carga emocional que acompanha a transmissão de notícias negativas é sempre significativa.
No diagnóstico por imagem, comunicar notícias difíceis é um desafio, pois os radiologistas costumam estar emocionalmente distantes dos pacientes. No entanto, médicos que conhecem os protocolos, passam por treinamentos e desenvolvem as habilidades necessárias estão mais preparados para lidar com o estresse dessa situação.
Existem áreas mais sensíveis dentro do diagnóstico por imagem em que o preparo do radiologista é essencial. Entre elas, destacam-se: ultrassonografia obstétrica, oncologia e radiologia pediátrica.
Por que investir em treinamentos para comunicar más notícias?
Estudos mostram que a maioria dos pacientes prefere receber os resultados de seus exames diretamente do radiologista, independentemente de o resultado ser normal ou não (ESR, 2022; Dominique, 2022; Otoni, Cohen, Bitencourt, 2018; Schreiber, 1995; Vijan et al., 2023).
A comunicação direta dos resultados de exames de imagem para o paciente ainda é um tema controverso. Radiologistas, em geral, têm contato limitado com os pacientes e, muitas vezes, não os conhecem. Além disso, podem não estar familiarizados com o médico solicitante ou com a estratégia terapêutica prevista.
No entanto, se o objetivo é colocar o paciente no centro do cuidado, essa aproximação entre o radiologista e o paciente torna-se cada vez mais necessária.
E você?
Na sua opinião, o radiologista deve comunicar diretamente os achados dos exames aos pacientes?
Aline Morião (Médica radiologista).
Referência: Colégio Brasileiro de Radiologia. Guia de comunicação para radiologia baseada em valor, 2025.
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